domingo, 17 de fevereiro de 2008

Lado direito da vida!!!!

Sim eu sei , o dia dos namorados já passou. Mas porque não fazer um rescaldo.
Bem, esta semana muitos foram aqueles que me perguntaram "o que hei de dar ao meu namorado/a ?” E eu lá fui tentando dar ideias, umas melhores outras piores, mas lá fui tentando ajudar como podia. Mas sempre que vinham com essa pergunta, lembrava-me deste texto que li a uns meses a traz e que aqui deixo.
Se calhar parece a prenda mais simples, mas se calhar é também a mais verdadeira e mais sincera que se pode dar a alguém.

"Eu tinha pensado em vários presentes para te dar, faço sempre isso com as pessoas de quem gosto. Gosto de me demorar a sonhar com aquilo que lhes pode dar prazer e tenho prazer em dar. Sei que há nisso qualquer coisa de compulsivo, uma espécie de acto involuntário e quase inconsciente, mas como no meu dicionário dar e amar querem dizer a mesma coisa, aceito-me como sou, tentando oferecer o que posso sem cair na insensatez de dar aquilo que as pessoas não sabem, não podem, ou não querem receber.
E foi a pensar assim, enquanto folheava o diário do meu amor por ti – um caderno feito à mão, com a alegoria do amor perfeito na capa, uma mulher e um homem em viagem sentados num elefante - que decidi não te dar nada, a não ser estas palavras que podes guardar numa folha de jornal e, quem sabe, para sempre no teu coração desencontrado e azul onde a solidão reina acima de todas as coisas.
Leio o pequeno caderno escrito só nas primeiras páginas e tento reconhecer-me nas palavras de amor que te escrevi, mas há uma distância natural que me separa delas, como se a pouco e pouco, sem saber bem nem como nem porquê, o meu coração se fosse esquecendo de te sentir, embora saiba que tudo o que lá está é sincero e verdadeiro. As palavras guardam o que julgamos ter perdido para sempre, é por isso e para isso que escrevemos, para resgatar o impossível, porque o amor, por mais puro e forte que seja, não resiste à solidão e ao abandono, muito menos a outro amor que nos fecha o mundo nas mãos.
Não sei como pude nascer assim, com um coração como o universo que cresce todos os dias e se multiplica em espaço e capacidade, mas quando olho para trás e vejo como te amei, fico espantada como afinal, de uma forma simples, te consegui arrumar num canto só teu, sabendo que provavelmente não voltarás a sair dele, que os meus braços não te voltarão a abraçar antes de adormeceres para te protegerem dos fantasmas e de outras mulheres, que o nosso amor teve, como quase todas as mais belas histórias de amor, princípio, meio e fim e que o fim está aqui, nas palavras que te deixo. Outro dia disseram-me que o problema da felicidade é o amor e a continuidade. Ou a obrigação do amor e do sofrimento para lá chegar. E como não pode ser um acto contínuo, a felicidade é uma paradoxo. A felicidade – ou o amor - dão muito trabalho e algum sofrimento, para depois acabarem. É por isso que tantas pessoas vegetam numa existência dormente entre electrodomésticos e pares de cornos, preferindo a ilusão soporífera da felicidade a ter que lutar por ela. E depois existem aqueles que, mesmo depois de bater com ossos no chão, se recusam a desistir, mesmo que errem tantas vezes, porque estarão sempre dispostas a sentir que pertencem ao mundo. Eu estou do lado de cá e quero-te puxar o lado direito da vida, onde as pessoas lutam pela felicidade e pelo amor. Sei que é muito mais difícil viver assim, mas acredita que vale a pena. É este o presente que te dou. Posso-te puxar quando quiseres, e mesmo que não te abra os braços, estendo-te a mão a pedir baixinho que não desistas de crescer, de olhar para dentro do teu coração e de escolheres o caminho mais difícil, o único que te poderá levar onde mais precisas, isto é, dentro de ti.
Parabéns."

Sem comentários: